Tia Mila

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Sao Joao Do Sul , SC, Brazil
A Tia Mila iniciou em uma garagem de minha casa, mas devidos a circunstâncias pessoais foram interrompidas as atividades, durante dez anos. Mas a vontade de incentivar a leitura é tão grande, que estou retornado as atividades online, até que eu possa novamente levar aos espaços físicos.

9 de fev. de 2009

“A AULA DAS DESCOBERTAS”

“A AULA DAS DESCOBERTAS”
segundo FREINET

Uma aula de Rosa Maria Whitaker Sampaio

Objetivo: TRABALHANDO PARA O DESCONFINAMENTO COMUNITÁRIO

As maravilhas, as tristezas, as possibilidades, os espaços que ainda não descobrimos no mundo à nossa volta... Tudo que está aí pode ser melhorado, conectado, incorporado e precisamos fazer com que isso aconteça... Nossa ajuda é indispensável... É urgente... O querer ir... A alegria de partir juntos... Ver novos horizontes... Fazer novos amigos... Criar redes de relacionamentos, cooperação, aprendizagem, saberes, ...

Não podemos deixar que as paredes das salas de aula e os muros das escolas bloqueiem as descobertas e impossibilitem as conexões com a comunidade, pois o saber está em todos os lugares.

Os cinco PASSOS para organizar uma Aula das Descobertas

1. MOTIVAÇÃO

A motivação vem de onde? De quem? Do Norte, do Sul, do leste, do oeste... De dentro da Internet... Dos jornais... Da televisão... Um questionamento... Das conversas com os amigos, com a família... qualquer acontecimento poderá se tornar um estímulo e pode desencadear todo o processo, criando condições para que o meio físico e o meio humano constituam-se numa fonte de aprendizado, atividades e descobertas felizes.

A curiosidade, o desejo de conhecer coisas novas, refletir sobre elas e compreende-las, possibilita o desencadeamento de um processo em que todos estarão envolvidos para preparar o plano para a descoberta de um mundo novo.


2. PREPARAÇÃO

2.1. Preparação inicial
Descobrir um mundo novo significa ampliar o mapa do conhecimento já construído.
Rubem Alves, quando escreve sobre mapas no livro Aprendiz de Mim, descreve a construção de mapas como “impulso de aprendizagem” na criação de novas trilhas, que “servem para nos levar de um lugar onde estamos para um lugar onde desejamos ir.”
A preparação de uma aula de descobertas segue o mesmo processo que um desbravador desenvolvia nos tempos antigos, a partir do mapa conhecido e pela motivação do desconhecido, desenvolvia-se uma trilha que ia além do mapa conhecido.
Hoje podemos encontrar na Internet o mapa de qualquer lugar da terra, fotografado por satélites que traz detalhes nas aproximações, que facilitariam muito a vida dos antigos navegantes, mas, apesar deles, nosso mapa não está completo, precisamos trilhar os caminhos, completando o nosso mapa de conhecimento e realizando as conexões.
Nesta etapa, buscamos o maior número de informações já descobertas por outros exploradores para o desenvolvimento da trilha.
O que já existe registrado sobre este espaço que pretendo explorar?
O que será necessário para executar a trilha?
Qual a questão que queremos responder?
Qual a hipótese que queremos verificar?
O que não sabemos sobre o local que iremos?
O que estaremos percebendo durante a trilha?

2.2. Preparação da trilha

Na preparação da trilha a ser feita, que deve ser construída conjuntamente com professores e alunos, serão contemplados vários planos, camadas que serão trabalhadas:

• Da Saúde – O ritmo de vida no passeio vai ser diferente; adaptação a um meio novo; vai chover? Vai fazer frio? Como vai ser o lanche? Quantas horas de saída?

• Da autonomia – Conhecimento das regras e normas de segurança do local. Num ambiente novo poderão se revelar aptidões desconhecidas - Tomar conta de suas coisas-resolver conflitos inesperados... Superar dificuldades... Descobrindo competências e habilidades suas, dos outros companheiros e... Dos professores e acompanhantes.

• Das Finanças – Discussões sobre as despesas que irão enfrentar, levantamento de preços do transporte, do lanche, dos materiais necessários, dos mapas, filmes; estudar fontes de subvenção, (realizar bingos ou quermesses)... Não desistir por falta de dinheiro... Sempre haverá uma forma de solucionar o problema.
Definir os responsáveis para cada levantamento.

• Do material - confecção de crachás; conhecer os pontos de referência com mapas, verificar a necessidade de filmes, fitas cassetes para gravar, saquinhos de supermercado para trazer coisas que acharem interessantes, potes, e caixinhas; previsão de dificuldades – o momento é solene... Tudo deve ser pensado, previsto, estudado, decidido e só então definir os responsáveis pela aquisição do que será preciso (em pares).

• Do pedagógico. Um projeto de saída tem que ter um objetivo definido, com abertura para que os caminhos para chegar a ele possam tomar direções diferentes por cada grupo, de acordo com os interesses e as curiosidades que forem aparecendo. Essa abertura e a disponibilidade para a exploração das descobertas enriquecerão cada vez mais os grupos de trabalho e por isso não devem ser descartadas e sim estimuladas, para o posterior trabalho coletivo.

Na preparação inicial é decidido o objetivo maior da atividade e isto deverá ser feita por toda a classe, possibilitando o envolvimento de todos na construção do conhecimento.

2.3. Trilhas específicas

A partir deste momento, trilhas específicas podem ser definidas, são objetivos secundários, com diversas variáveis; geográficas (norte, sul, leste, oeste), camadas (pessoais, sociais, culturais, políticas...), questões específicas, etc...

Definidos os objetivos secundários, são colocados em painéis, um para cada grupo. Chega o momento da escolha, cada um se inscreverá no assunto que lhe interessar, obedecendo ao número de pessoas estipulado previamente para cada grupo.

Formado os grupos, é o momento de cada um deles preparar seu roteiro de observações, indagações e se organizar para a saída.


2.4. Organização dos grupos:

Cada grupo, preferivelmente com até oito elementos, terá os responsáveis por alguma ação.

a) O FERNÃO DE MAGALHÃES e a ESTRELA GUIA:
Levarão os mapas indispensáveis e as bússolas. (para seguirem a direção determinada para cada grupo: norte, sul... etc.), e deverão ser capazes de dirigir o grupo, dobrar o Cabo da Boa Esperança enfrentando raios e tempestades, tudo por uma boa causa... Vamos aprender... Para podermos ensinar... E ajudar...

b) O CAMELO e o JERICO:
Os carregadores, que trarão o maior número de informações possível, objetos, insetos, pedrinhas, materiais de divulgação, tudo o que considerarem importante dentro do seu plano de trabalho, sem ferir a natureza... (Levar sacos de supermercado, pinças, caixinhas, potes, luvas de cozinha...)

c) O SENHOR DO TEMPO E O COELHO MALUCO:
As paradas e minutos determinados previamente, o aviso no momento de começar a voltar, o respeito ao tempo que corre... Para dar tempo... Tem sempre regras combinadas para serem obedecidas...

d) Os ESCRIBAS:
Notas e notícias, desde o tempo de Cabral, são essenciais........ Levar as perguntas elaboradas pelos grupos no momento da preparação, buscar suas respostas e também de outras perguntas também poderão surgir... A curiosidade aumenta com algumas respostas... As entrevistas podem também ser gravadas... Fotografadas... Filmadas...

e) As INCRÍVEIS MÁQUINAS REGISTRADORAS:
Os criativos: fotógrafos e desenhistas, artistas e não artistas, digitais ou não...
Fazendo e aprendendo... Sempre é bom tentar... Não custa levar papéis e canetinhas...


3. A AÇÃO:

Como dizia Freinet: “Vamos descobrir o fascinante mistério da vida á nossa volta”

Ir, enfrentar com coragem, olhar com os olhos bem abertos em todas as direções, ouvir com os ouvidos bem atentos, sentir os perfumes e os odores, experimentar o gosto , pegar, tatear, sentir o calor e o frio...descobrir novas sensações com os pés...e dividir as descobertas com os outros.

Podem prever algumas paradas com momentos de silêncio... Dar um tempo ao tempo... Perceber a vida... Olhar, em volta... Fechar os olhos e escutar um poema ou uma música...

Nutrir o seu imaginário...

Aguçar sua atenção, aprender a partir do mundo tal qual ele é na realidade, desenvolver seu espírito crítico-- o encontro, as novas situações, novas relações humanas;

Tomar conhecimento daquilo que já desapareceu, daquilo que pode ser melhorado e das coisas que precisam ser preservadas.

Finalmente ser sempre curioso: perguntar, perguntar e perguntar... Anotar as respostas e as perguntas sem respostas... Até que fiquem claras, os nãos, porque NÃO.

Serão descobertas pistas ricas e múltiplas. Um novo mundo que não sabiam que estava ali... Registrar... Trazer os materiais interessantes...

Cada um se responsabilizando seriamente pelo seu papel estipulado na preparação.

As saídas permitem a sensibilização a numerosos pontos de aprendizagem.

TUDO PRONTO? AVANÇAR!

CADA GRUPO COM SUA RESPONSABILIDADE E O CORAÇÃO ABERTO, SERÃO OS DESBRAVADORES DAS FLORESTAS MISTERIOSAS DO MUNDO TÃO PRÓXIMO, QUE ESTIVERAM SEMPRE A NOSSA VOLTA, ALI JUNTINHO DE NÓS, MAS QUE, ATÉ HOJE, AINDA NÃO CONSEGUIMOS, OU NÃO TIVEMOS OPORTUNIDADE PARA SENTIR, NEM ENXERGAR....

Agora, depois da AÇÃO, a CHEGADA, a VOLTA e começa o momento do PROLONGAMENTO.

4. O PROLONGAMENTO:

O momento mágico da volta

É lindo: todos falam ao mesmo tempo... Muita coisa foi descoberta.

1ª. Fase

Este é o momento para classificação dos materiais coletados, comparar com as pesquisas nos livros, na internet, confrontação das hipóteses, consultas aos entendidos no assunto, complementar, registrando e organizando tudo aquilo que foi aprendido.

É preciso organizar e classificar os materiais recolhidos e pesquisados, colocando em caixas, em fichas, em estantes... para poder continuar a atividade nos próximos encontros, tantos quantos forem necessários para fazer um trabalho bem feito...

É necessária a verificação das hipóteses, responder as questões levantadas antes da partida da expedição, classificar as descobertas, discutir com os grupos para que todos conheçam TODAS as descobertas.

2ª. Fase

Preparação para a COMUNICAÇÃO: Decidir como será? Um jornal, uma exposição, um museu, uma conferência, uma apresentação numa rádio, um debate, uma festa?
Com tudo decidido começam a, planejar, planejar, planejar e agir, prever possibilidades reais, vantagens e desvantagens, decidir... e a distribuição de tarefas.

Divisão de responsabilidades: quem vai fazer O que? Como? Onde? Quando?

3ª. Fase - A IMPORTÂNCIA DO PROLONGAMENTO

O prolongamento será a preparação da comunicação. Uma festa, com uma exposição, uma emissão na radio Comunitária, completada com painéis com recortes de revistas, ou notícias de jornais; ou um museu, umas pinturas e desenhos, belos poemas, um livro, um rico jornal que será enviado aos correspondentes, um site..., seja o que for tem que ser bem feito! Cada grupo se expressará da sua maneira, o melhor que puder fazer, todos juntos num trabalho coletivo, com o objetivo de COMUNICAR o que os grupos descobriram e aprenderam para ficar REGISTRADO de alguma forma, para ser usado por outros interessados e ou ser a provocação, motivação para desenvolverem outros projetos:

É A APRESENTAÇÃO DOS OBJETIVOS ALCANÇADOS!


5. A COMUNICAÇÃO

Uma festa? Uma exposição? Para quais convidados?

Ultrapassando os limites do seu grupo-classe, dos muros da sua escola, daquilo que sempre foi o seu mundo, tudo o que foi descoberto vai ser participado aos convidados ou enviado por vários meios de comunicação (ou, por que não os dois?). Será de certa forma o momento da avaliação. Não guardar suas descobertas dentro das gavetas, tudo o que se descobre poderá em algum momento, ajudar alguém...

Uma nova trilha foi criada e registrada, uma nova opção de relacionamento foi descoberta, mais um ponto na comunidade foi conectado, o mapa do conhecimento foi ampliado e a possibilidade de interferir e participar daquilo que foi descoberto.
Cidadania também é isso.

FINALIZANDO: A INDISPENSÁVEL COMUNICAÇÃO

Com os convites definidos enviados pelos grupos, agora, está tudo preparado para a Comunicação, o objetivo maior... O que faz com que tenha valido a pena essa “AULA DAS DESCOBERTAS”, que deve ter sido feita em pelo menos cinco encontros de duas horas.

Esse momento final deve ser uma atividade que possa ensinar aos outros aquilo que foi aprendido. Tudo pode ser dividido com aqueles que ainda não tiveram ocasião de sentir a importância dessas suas descobertas... Mas também pode ser o impulso para um novo grande planejamento futuro.

A divulgação da comunicação será para sua escola, seu bairro, sua cidade, o seu mundo que se abre em leque e assim poderá como o vento, alcançar novos horizontes... Isso despertará a curiosidade para descobrir o que existe por trás das coisas, dos muros e das palavras... o que era invisível.

MAS... É preciso exigir respostas... Ouvir os outros, discutir, pesquisar, argumentar e compreender, aceitar ou não... E agir...

Fazendo como pedia Freinet:
“Vamos descobrir o fascinante mistério da vida á nossa volta”













OUTRAS POSSIBILIDADES

Esta forma de fazer acontecer uma chamada Aula das Descobertas, é uma sugestão minha. Vocês poderão trabalhar em cima e descobrir novos caminhos. Respeitando, promovendo e desenvolvendo:
• O senso de responsabilidade,
• A sociabilidade,
• O julgamento pessoal,
• A reflexão individual e coletiva,
• A criatividade,
• A expressão livre (em todos os seus aspectos),
• A comunicação (de várias formas),
• E principalmente a percepção dos pontos de desigualdades físico-sócio-culturais que poderão de alguma forma ser reduzidas que se tornarão objetivos para um novo projeto prático de cidadania..

O ideal é usar um bimestre para começar e acabar todos esses passos bem feitos.

É uma técnica da Pedagogia Freinet que pode ser trabalhada com os grupos de idades as mais variadas:

• Com as crianças, que podem ter objetivos relacionados com as artes, com ecologia, com animais, com a sua própria escola, com uma visita à praça, com a volta ao quarteirão, a ida a um sítio ou a uma praia... As visitas ás crianças de uma creche ou a um asilo de velhinhos, exposições, teatro, cinema...

• Com os jovens os objetivos serão principalmente relacionados com a prática da cidadania com o “Desconfinamento Cultural” ou “Desconfinamento comunitário”, com possibilidades de ajuda a outros grupos (para que exista a cidadania plena) com o conhecimento de seu próprio bairro, com uma introdução à política, visitas à Câmara dos vereadores, para conhecer seus trabalhos sobre a cidade; saber a quem se dirigir para reclamar ou dar sugestões ou parabenizar; descobrir como conseguir fazer as práticas Freinet a “Troca de Saberes” ou a “Correspondência” com outros grupos e descobrir muitas outras atividades relacionadas com suas próprias vidas e o mundo que os cerca, seus lazeres, seus problemas, seus sucessos e seus sonhos.

• Com os idosos os objetivos devem ser os mais agradáveis bonitos e alegres que puderem imaginar; música, artes, literatura, costumes e estimulando-os para que registrem suas lembranças; que uns ensinem os outros numa ”Troca de Saberes”, suas receitas de bolo, de crochê, de bordados, de danças e mostrem suas pinturas, seus versos e mais todos os conhecimentos que a sabedoria da vida os ensinou... Levantando sua auto-estima e a alegria de viver.
É urgente descobrir maneiras de registrar, divulgar e conservar e divulgar o que os idosos trazem até nós.



Célestin Freinet, pedagogo Francês, desde 1920 tinha a preocupação de preparar as crianças e os jovens para um mundo de solidariedade, ajuda mútua, a democracia e principalmente para a PAZ.
Ele apresenta atividades, instrumentos e as práticas pedagógicas, chamadas Práticas Freinet, como um suporte que faz acontecer o aprendizado em nível cooperativo, social, intelectual, manual e afetivo, acompanhando sempre o desenvolvimento tecnológico.

“Os educadores têm o papel mais importante, aquele de: adultos mediadores entre a criança e o mundo”.

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