Tia Mila

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A Tia Mila iniciou em uma garagem de minha casa, mas devidos a circunstâncias pessoais foram interrompidas as atividades, durante dez anos. Mas a vontade de incentivar a leitura é tão grande, que estou retornado as atividades online, até que eu possa novamente levar aos espaços físicos.

7 de jul. de 2008

O bom professor e a sua prática

O BOM PROFESSOR E SUA PRÁTICA - DA PRÁTICA À TEORIA

O estudo desenvolvido conseguiu mostrar algumas respostas sobre o que acontece com o BOM PROFESSOR. Vale agora o esforço de tentar fazer uma leitura que vá além dos fatos, isto é, que procure explicações para os fatos e para o cotidiano do professor.
A primeira idéia a ser explorada foi de que o conceito de BOM PROFESSOR é valorativo, com referência a um tempo e a um lugar. Como tal é também ideológico, isto é, representa a idéia que socialmente é construída sobre o professor.
O definir e o satisfazer expectativas dá corpo aos comportamentos de tipo papel e modificam a função do dever-ser na vida cotidiana. De acordo com Heller (1985, p. 94), “no ‘dever-ser’ revela-se a relação do homem inteiro com os seus deveres, com suas vinculações, sejam essas econômicas, políticas, morais ou de outro tipo”. É comum, entre os professores, a existência de valores como “preciso ser responsável e honrado”, “os alunos devem ser tratados todos iguais” e outras manifestações que se tornam usuais e aceitáveis ao seu papel. Cria-se historicamente um rol de atributos que fazem parte do papel do professor, que são assimilados socialmente, sem muita consciência ou atitude reflexiva sobre os mesmos. Esta assimilação tanto se dá entre os alunos através de expectativas, quanto ao professor, através de respostas a elas. A idéia do dever-ser presente entre os professores e os alunos é socialmente construída, na medida em que é fruto dos valores da sociedade que a produz.
Como a sociedade é dinâmica nas suas relações, observa-se que o dever-ser sofre alterações no decorrer do tempo. Quando o dever-ser converte-se numa manifestação puramente externa, ou o indivíduo tem uma atitude de simples adaptação ao papel que representa ou se insurge contra a idéia proposta e exerce a recusa do papel que lhe está sendo imposto.
Muitos professores estão em conflito com o dever-ser e estão à procura de uma nova relação que implique a redefinição de seu papel. Isto significa dizer que em muitas situações eles exercem atitudes de acordo com a expectativa do dever-ser, mas em outras procuram construir um novo papel, um novo dever-ser, que responde a uma nova idéia de professor.
A necessidade de construir essa nova idéia de professor pode ser mais ou menos consciente. Pode ser fruto intencional da reflexão criteriosa. Mas pode ser, também, apenas a resposta às pressões da sociedade e ao aparecimento de situações não previstas. Vale salientar, porém, que estas últimas podem levar à primeira, isto é, a pressão da realidade pode provocar a reflexão.
Podemos observar, porém, que não há um movimento linear na modificação do papel do professor. Este vai se alterando de diferentes formas em diferentes situações conforme os indivíduos. Sem dúvida, os professores estão fazendo a sua própria história, mas a partir de condições dadas, concretas do cotidiano.
O professor já nasce inserido em seu cotidiano. A vida diária não está fora da história, mas, ao contrário, está no centro do acontecer histórico. Como todo indivíduo, o professor é simultaneamente um ser particular e um ser genérico. Isto significa dizer que quase toda a sua atividade tem caráter genérico, embora seus motivos sejam particulares. No seu cotidiano ele trabalha com estas duas forças: as que vêm da generalização da sua função e as que partem dele enquanto individualidade. Nem sempre ambas caminham no mesmo sentido. Muitas vezes é do conflito entre elas que se origina a mudança das atitudes do professor.
Estudar o cotidiano do professor é um meio para a compreensão dos fenômenos sociais que o cercam e, com esta compreensão, entender o próprio professor neste contexto.
Este estudo mostra que, apesar da política da não valorização formal do professor, a sociedade mais ampla, aqui representada pelos alunos, valoriza bastante o papel docente. Nesta valorização aparece a idéia do professor que responde aos desafios de uma sociedade moderna, industrializada, em que se valoriza mais o espírito crítico promotor da indagação do que a boa memória e a confiança cega na palavra depositária da verdade.
Mesmo nesta perspectiva da sociedade moderna, continua-se reconhecendo no professor, além da capacidade de ensinar conhecimentos especializados, a tarefa de transmitir, consciente ou inconscientemente, valores, normas, maneiras de pensar e padrões de comportamento que contribuem eficazmente para a permanência da vida social. As relações são os aspectos mais ressaltados pelos alunos, ainda que elas não possam ser separadas completamente do todo que é o professor.
As relações devem ser entendidas pelo lado afetivo, ainda que não apareça como desejável para o aluno o professor “bonzinho”. O que eles querem é um professor intelectualmente capaz e afetivamente maduro.
O posicionamento político do professor não faz parte dos critérios de escolha que os alunos fizeram do BOM PROFESSOR hoje. Este dado é importante ser compreendido na dimensão do papel do dever-ser, estipulado socialmente. Mostra ainda, com clareza, como o cotidiano é construído pela história, pelo concreto das relações sociais. Uma sociedade que baniu a dimensão política do saber pedagógico por tanto tempo não poderia deixar de arcar com esta conceituação sobre o BOM PROFESSOR, ainda hoje.
Não há intenção de construir uma teoria didática a partir de seu desempenho. Estudá-lo pode contribuir muito para a formação de um conhecimento pedagógico .específico. Mas não como paradigma do desempenho docente.

As conclusões desse estudo foram as seguintes:

– A idéia de BOM PROFESSOR é variável entre as pessoas porque contém em si a expressão de um valor. O momento da vida das instituições escolares determina, em algum grau, a situação do aluno. Esta situação cria necessidades. O professor que responde a elas tem maior probabilidade de ser considerado o melhor.

– Os dados descritivos dos BONS PROFESSORES não me permitem fazer qualquer generalização. Entre o grupo há variação em idade, experiência profissional, formação acadêmica e pedagógica, produção de pesquisa e extensão etc.

– Os BONS PROFESSORES reconhecem influências significativas da família com relação a valores. A condição de classe social é também percebida como interveniente no processo de encaminhamento profissional. A questão da vocação parece sofrer maior influência do ambiente social e das relações que ele oportuniza do que ser uma questão de pendor natural.

– 60% dos nossos interlocutores afirmaram estar no magistério por razões circunstanciais e não como opção profissional primeira. Todos eles, entretanto, mostraram um profundo sentimento de valorização do magistério, afirmando que gostam muito do que fazem.

Organizando os dados da análise descritiva, com relação às principais influências que os BONS PROFESSORES reconhecem sobre si, encontrei o seguinte:

– É de sua história enquanto aluno, do resultado da sua relação com ex-professores que os BONS PROFESSORES reconhecem ter maior influência. Em muitos casos esta influência se manifesta na tentativa de repetir atitudes consideradas positivas. Em outras, há o esforço de fazer exatamente o contrário do que faziam ex-professores, considerados negativamente. De qualquer forma, no dizer dos nossos respondentes, a maior força sobre o seu comportamento docente é a do exemplo de ex-professores. Este dado é fundamental para quem trabalha na educação de professores, pois identifica o ciclo de reprodução que se realiza nas relações escolares.

– Outra influência reconhecida pelos BONS PROFESSORES refere-se ao saber que constroem na própria experiência, enquanto docentes. Nela localizam a possibilidade de aprenderem com colegas de trabalho, com alunos e de, refletindo sobre a sua própria docência, reformularem sua forma de agir e de ser. Este dado confirma que a prática é um elemento importante na aprendizagem e que a experiência que o indivíduo vive é insubstituível no seu significado educativo. O fazer e o refletir sobre este fazer tem sido, no dizer dos BONS PROFESSORES, um mecanismo fundamental para delinearem seu desempenho docente.

– A formação pedagógica é, para esses professores, também fator de influência no seu modo de ser. Constatei, entretanto, que não se pode falar em uma formação pedagógica como algo unitário, com um referencial comum. Os depoimentos dos professores mostraram que ela ocorre de forma diferencial no que se refere a objetivos, filosofia, duração, significado etc. Percebi ainda que, quanto mais ela responde às necessidades do professor no momento que a realiza, mais eles a valorizam. Para alguns, a formação pedagógica deu uma resposta às necessidades sentidas ou fê-los refletir sobre a realidade vivenciada. Para estes, tal formação foi significativa e influenciou novas formas de ser.

– A prática social do professor é quantitativamente o último fator apontado como de influência pelos nossos BONS PROFESSORES. Até porque pouco são os docentes que atuam nessa área com clareza de propósitos e ações. É importante ressaltar, porém, que aqueles que atribuem à prática social influências sobre o seu comportamento docente o fazem enfaticamente. São pessoas que têm clareza nos caminhos que escolheram para alcançar as modificações sociais e dão ao papel docente uma dimensão bem mais ampla do que apenas o contato com os alunos na sala de aula.

– Os BONS PROFESSORES destacaram outros fatores de influência no seu modo de ser. Apontam, por exemplo, profissionais de alta competência na área em que atuam etc. O que se depreende deste fato é que há uma tendência entre eles de repetirem práticas das pessoas que admiram.

Os dados sobre a visão que os BONS PROFESSORES têm da realidade social e educacional brasileira hoje resumidamente nos dizem que:

– Os BONS PROFESSORES são capazes de analisar a realidade nacional como numa fase de crise, localizando como principal indicador deste fato o descaso do governo com a educação e a conseqüente desvalorização do magistério. Alguns expandiram a crítica à incompetência do modelo escolar na nossa realidade, ainda que todos tenham valorizado a escola como instituição necessária à sociedade.

Para alguns professores os pressupostos políticos e sociais da crise são claros. Para outros parece que ainda não, pois os efeitos são abordados sem referências às causas.

– Observei que os BONS PROFESSORES que possuem uma prática social mais ativa (participação em movimento docente, profissional, religioso, sindical, partido político etc.) têm maior facilidade de fazer uma análise das questões da educação dentro do atual contexto social brasileiro.

Através da análise descritiva já realizada sobre a representação que o BOM PROFESSOR faz de sua prática pedagógica, consegui concluir que:

– Podemos identificar, para fins de análise, três áreas de verbalização: relação com o ser e o sentir, relação com o saber e relação com o fazer.

– Na relação com o ser e o sentir o professor dá grande valor ao prazer de ensinar e à gratificação que sente nas relações com os alunos.

– Na relação com o saber há um destaque significativo na afetividade que o liga à sua matéria de ensino, que leva ao gosto pelo estudo e à possibilidade de produzir conhecimento junto com os alunos.

– Na relação com o fazer há um esforço de coerência entre o que ele faz e o que ele pensa. Vejo, entretanto, que o professor em geral não faz uma análise reflexiva de sua prática. O seu fazer é muito intuitivo. Por isso, também, nem sempre estabelece relações claras entre a prática e os pressupostos teóricos que a embasam. A prática tende a repetir a prática.

– Ao fazer a representação de sua prática pedagógica o BOM PROFESSOR fala de suas dificuldades. Em geral elas decorrem da desvalorização da educação e do magistério. Há ênfase nas dificuldades estruturais, aquelas que estão próximas ao professor e que interferem diretamente no seu trabalho. Parece, contudo, que nem sempre o professor entende que sua aceitação ou resistência fazem parte deste quadro da realidade.

– Para sugerir aspectos que deveriam estar presentes na sua tarefa de formar professores, os nossos BONS PROFESSORES tiveram alguma dificuldade. Percebi que as sugestões que acabaram fazendo estavam muito relacionadas com a representação de seus próprios valores e daquilo que eles mesmos gostariam de estudar mais.
A apreensão da atuação do professor no cotidiano escolar nos leva, além de perceber as questões relacionadas ao papel social que ele representa, entender a idéia de projeto presente no professor. Projeto seriam suas aspirações de vida, sua utopia pedagógica, seus objetivos maiores de realização. Percebi, também, que este projeto é construído no contexto da sua vida, fruto de suas experiências, numa sociedade historicamente localizada.
O ponto de partida da noção de projeto é a idéia de que os indivíduos escolhem ou podem escolher alternativas de vida. Os professores me relatavam o que acontecia no seu cotidiano, numa tentativa consciente de dar sentido ou coerência às experiências fragmentadas da vida social e, conseqüentemente, pedagógicas.

Em alguns casos, foi possível ver que, permeando o projeto do professor, aparecia o projeto da instituição com seus valores, peculiaridades e expressões. Contudo, estes não são mais fortes do que os primeiros.
Ainda está mais no professor a tomada de decisões sobre o seu fazer docente do que na instituição, ainda que se reconheça que o clima, os objetivos, os valores e preconceitos institucionais pesem no projeto individual do professor. Os projetos institucionais constituem expressão simbólica e estão diretamente ligados à história das Unidades de Ensino. Sua estabilidade e continuidade ficam muito na dependência de uma definição de realidade convincente e coerente. E nem sempre isto acontece. Primeiro porque, na maior parte das vezes, as instituições não expressam claramente o seu projeto. Segundo, percebe-se que, quando o fazem, há uma distância grande entre um discurso que procura ser pouco claro e uma realidade que é concreta e definida. Talvez seja este o momento institucional da escola brasileira hoje que permite que o projeto individual do professor tenha mais força, em função do espaço existente. Se isto, por um lado, pode ser positivo, na medida em que represente liberdade e autonomia docente, por outro pode ser nefasto, pois pode significar uma total dependência da individualidade do professor e de seu grau de compromisso e competência.
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Além das habilidades, no contexto da sala de aula os BONS PROFESSORES emitiram juízos de valor, tais como a importância do estudo e o desenvolvimento de habilidades a ele relacionadas. Mostra que é necessário recuperar o prazer de aprender e que a escola, necessariamente, não precisa ser chata e ritualista.
O pensamento crítico foi também valorizado no sentido de fazer o aluno raciocinar sobre o conhecimento. Nem sempre, porém, este pensamento crítico explora as condições sociais e políticas da produção de conhecimento e os interesses da sociedade capitalista subjacentes a ela.
O fato em questão é fundamental aos objetivos deste estudo. O delineamento feito mostra que os BONS PROFESSORES têm muitas condições pedagógicas e didáticas tidas como significativas nas nossas instituições escolares de hoje.
Tendo presente a questão da expectativa dos alunos, da construção histórica que a sociedade tem feito do BOM PROFESSOR e do papel do dever-ser que o professor se atribui, é possível concluir que o BOM PROFESSOR está assentado numa perspectiva de ensino que:

– tem no docente o centro do processo de ensinar e aprender;
– coloca no professor as condições do melhor ensinar, no sentido de transferir seu próprio conhecimento aos alunos.

Como exemplo, podemos citar de acordo com a autora os BONS PROFESSORES desenvolvem um grande número de habilidades de ensino, tais como : fazer perguntas, variar estímulos, relacionar o conteúdo com outras áreas etc. Todavia, não temos ainda BONS PROFESSORES que estejam mais voltados a desenvolver habilidades nos alunos. O professor é capaz de apresentar o melhor esquema do conteúdo a ser desenvolvido em aula, mas não conhece procedimentos sobre como fazer o aluno chegar ao mapeamento próprio da aprendizagem que está realizando. O BOM PROFESSOR relata e referencia resultados de suas pesquisas. mas pouco estimula o aluno a fazer as suas próprias, mesmo que de forma simples. E assim em tantos outros exemplos.
Compreendo que os alunos esperam pelo discurso do professor e têm como certeza a idéia de que um bom ensino depende das condições melhores que o professor apresenta de explicar o conteúdo.
Nessa perspectiva percebe-se que, mesmo os BONS PROFESSORES, repetem uma pedagogia passiva, muito pouco crítica e criativa. Pelo menos uma pedagogia tradicional onde, como diz Paulo Freire (1984, p. 64) “... o professor é sempre o iluminador do conhecimento” e não a perspectiva de uma pedagogia dialógica, que implica uma realidade que é “iluminada” pelo educador e pelo educando juntos. & diferente a transferência do conhecimento especializado através de uma preleção muito bem feita e a colocação de um problema que contesta o conhecimento oficial, motivando os estudantes para ação.
Compreendo também que é bastante difícil construir esta nova pedagogia, onde as principais intenções e habilidades do professor estivessem voltadas para a produção do aluno. Nossos interlocutores afirmaram – e pude constatar na prática – que a maior influência na definição do seu comportamento docente vem da sua experiência enquanto aluno e, depois, de sua prática como docente. Ora, dificilmente teremos hoje professores que tenham vivenciado experiências diferentes da que tentam construir. Eles procuram melhorar a sua ação docente, mas sobre um paradigma pedagógico que, a priori, contém um pressuposto da ação de ensinar. Para uma ação dialógica, transformadora, seria preciso deslocar do professor para o aluno a produção do conhecimento. Seria necessário modificar o paradigma que é presente historicamente nas concepções escolares.
Os nossos BONS PROFESSORES são os melhores dentro de uma concepção de educação, de ensino e de aprendizagem. Se essas concepções forem alteradas, o conceito de BOM PROFESSOR certamente também o será.
Pensando assim, , em quantas sugestões poderiam ser arroladas para a formação e educação de nossos professores. Como encaminhar os nossos programas e as nossas ações junto a professores no seu processo de educação?
A contribuição que o desenrolar desta pesquisa sugere que:

a) É fundamental que seja desvendado o contexto onde o professor vive. A análise da realidade, das forças sociais, da linguagem, das relações entre as pessoas, dos valores institucionais é muito importante para que o professor compreenda a si mesmo como alguém contextualizado, participante da história.

b) A formação do professor deve passar pelo exercício de descoberta e análise da projeção que ele como sujeito faz de um BOM PROFESSOR. Se a pesquisa mostrou a tendência de reprodução da ação docente, é necessário pelo menos que o professor tenha clara e organizadamente esta idéia de dever-ser em sua mente.

c) A formação do educador é um processo, acontecendo no interior das condições históricas em que ele mesmo vive. Faz parte de uma realidade concreta determinada, que não é estática e definitiva. É uma realidade que se faz no cotidiano. Por isso, é importante que este cotidiano seja desvendado. O retorno permanente da reflexão sobre a sua caminhada como educando e como educador é que pode fazer avançar o seu fazer pedagógico.

d) A pesquisa que o professor realiza com os alunos e o incentivo que ele faz para que os alunos produzam conhecimento, constitui-se numa alternativa confiável para fazer progredir a idéia de uma educação dialógica, onde o aluno seja o principal sujeito da aprendizagem. Nesse sentido, estaríamos partindo de um novo paradigma de ensino, aquele que procura produzir um conhecimento divergente e formas alternativas de utilizar o conhecimento existente. Se isto fosse uma constante nos cursos de formação de professores, já se teriam experiências no cotidiano do futuro professor que garantiriam a absorção das práticas neste sentido.

e) A prática é que dá sentido às inquietações do ser humano. É preciso que a formação pedagógica se faça sobre ela. O significado dos estudos na área da educação depende da capacidade de auscultar o momento do educando, que transparece principalmente por seu discurso. Nele há a expressão de suas experiências, condições de vida, interesses e aspirações. É preciso partir daí.

f) Por fim, novamente levanto a importância que os programas de formação e educação de professores precisam dar à dualidade competência técnica e compromisso político. Uma pedagogia transformadora só se fará com o concurso de ambas as dimensões. O esclarecimento do significado de cada uma é fundamental para que se operacionalize uma prática eficiente e comprometida.

As conclusões desse trabalho não se conflituam com as propostas e reflexões que se têm feito ultimamente sobre o professor. Elas se somam e desvendam, através da investigação da realidade, maiores dados sobre o que está acontecendo na prática escolar.
Retomando a revisão de literatura e, em especial, os resultados do esforço de alguns educadores e associações educacionais nos últimos tempos, localizo um processo que evolui para pontos comuns. As propostas, em geral, privilegiam a idéia de que é necessário um professor consciente das questões sociais e competente tecnicamente para engajar-se na luta em favor da melhoria das condições de vida do povo brasileiro.
Os caminhos para se chegar a este propósito é que se apresentam diferentes. O desvendamento da prática é que, provavelmente, possa dar mais luzes à trajetória rumo à transformação, uma vez que não há mudança que não ocorra a partir do concreto, da realidade.
A constatação de que a educação de professores tem sido mais efetiva pelas influências da prática cotidiana pode influir no repensar dos cursos de formação de professores. Os esforços dos cursos de Licenciaturas e de Pedagogia têm sido maiores sobre a formação do futuro professor, tendo uma conotação mais teórica do que prática. A história e as práticas educacionais do aluno, assim como o seu exercício educacional futuro, têm sido pouco priorizadas nas ações universitárias e nas demais instituições que se envolvem com a educação de professores. Esta pesquisa, assim como outros estudos a respeito, constituem-se num alerta para o repensar a prática que vem sendo realizada. Tudo indica que não bastam esforços na formação prévia do professor. E, preciso estender ações e influências sobre o professor em exercício, favorecendo situações de análise e reflexão sobre a sua própria condição e experiência.
Os desafios são muitos. Creio ser necessário um esforço coletivo no reconhecer e refletir sobre as contradições da sociedade em que vivemos, e nela, muito especialmente, as questões relacionadas com a nossa área de atuação. Só assim poderemos fazer avançar a educação brasileira.

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