Tia Mila

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Sao Joao Do Sul , SC, Brazil
A Tia Mila iniciou em uma garagem de minha casa, mas devidos a circunstâncias pessoais foram interrompidas as atividades, durante dez anos. Mas a vontade de incentivar a leitura é tão grande, que estou retornado as atividades online, até que eu possa novamente levar aos espaços físicos.

7 de fev. de 2009

O que é Autismo?

O que é Autismo?
O autismo é um transtorno do desenvolvimento, que manifesta-se tipicamente antes dos 3 anos de idade. Este transtorno compromete todo o desenvolvimento psiconeurológico, afetando a comunicação, (fala e entendimento) e o convívio social, apresentando em muitos casos um retardo mental. Segundo pesquisas, cerca de 60% dos indivíduos autistas apresentam epilepsias.

Por ainda não ter uma causa específica definida, é chamado de Síndrome (=conjunto de sintomas) e foi primeiro classificado em 1943 por Leo Karner. Hans Asperger pesquisou e em 1944 classificou a Síndrome de Asperger, um dos espectros mais conhecidos do Autismo, a grosso modo, um autismo brando. Ao conjunto de determinadas variações, chamamos de Espectro do Autismo, pois somam-se as características autísticas, outras específicas de cada grupo de outros sintomas.
Em recente estatística publicada pela revista americana Time Magazine (Maio/2002), a incidência de autismo atualmente é 1 em cada 175 nascimentos sendo 4 meninos para 1 menina. Como em qualquer síndrome o grau de comprometimento pode variar do mais severo ao mais brando e atinge todas as classe sociais, em todo o mundo. Já em 2003 as estatísticas apontam 1 caso de autismo para cada 150 nascimentos.
O autismo é geralmente diagnosticado por um médico neuropediatra ou por um psiquiatra especializado em autismo.
Ainda não se tem uma causa específica, mas há várias suspeitas de possíveis causas e as pesquisas não param.
Recentes estudos apontam a contaminação por mercúrio (Thimerosal) e outros metais pesados como possíveis causas. Em alguns países já é proibido o uso de vacinas com Thimerosal e outros agentes portadores de mercúrio na fabricação de vacinas.
Os critérios de diagnósticos mais aceitos são avaliações completas com base na DSM IV (da Associação Americana de Psiquiatria) ou CID-10 (publicado pela Organização Mundial de Saúde), disponíveis na área de download deste site. Lembre-se o diagnóstico deve ser feito por profissional especializado.
Alguns espectros mais conhecidos de autismo são:
Síndrome de Angelman
Síndrome de Asperger
Síndrome do X Frágil
Hiperlexia
Síndrome de Landau Kleffner
Distúrbio Obsessivo-Compulsivo
Distúrbio Abrangente do Desenvolvimento
Síndrome de Rett
Síndrome de Prader-Willi
TDA Transtorno do Déficit de Atenção/hiperatividade
Os Caminhos da Inclusão no Brasil Aspectos Legais: Não se pode falar em inclusão, sem lembrar ao menos um pouco, da parte legal que a envolve. Precisamos voltar à época do Brasil – Império, onde na Constituição de 1824, foi consagrado o direito à educação para todos os Brasileiros. Tendo esse direito se mantido nas Constituições de 1934, 1937 e 1946. Tendo ainda em 1948, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada pela Assembléia Geral das Nações Unidas, onde se afirma o princípio da não discriminação e proclama o direito de toda pessoa à educação.

Entre as décadas de 50 e 60, surge a discussão sobre o conceito de Normalização, que tem como princípio, fazer com que a pessoa retardada (como se referia ao de déficit intelectivo), se assemelhe às condições normais de sociedade, questionando assim, as tendências segregativas e centralizadora com que eram atendidas. A educação especial no Brasil começa a ter um cunho educacional, apesar de ainda manter características assistencialistas.

A partir dos princípios de normalização, a Educação Especial passou por importantes mudanças. No ano de 1959 com a aprovação da Declaração dos Direitos da Criança, tem assegurado no seu capítulo 7º. , o direito à educação gratuita e obrigatória, ao menos em nível menos elementar. Esses direitos foram mantidos nas Constituições Brasileiras de 1976 e 1969 respectivamente.
Em nossa atual Constituição (1988), esses direitos não só foram mantidos, como entendidos como sendo dever do Estado e da família, no seu art. 205. Temos ainda no Estatuto da Criança e do Adolescente, no seu art. 54 e 66, de forma mais específica assegurado o direito à educação, onde se faz referência aos Portadores de Necessidade Educacionais Especiais e seus direitos, não só a educação, como também ao trabalho.

No ano de 1990, aconteceu a Conferência Mundial Sobre Educação Para Todos. Felizmente a educação aparece como preocupação mundial. O tema foi motivo de vários estudos e encontros. Na Espanha, durante a Conferência Mundial de Necessidades Educacionais Especiais, foi aprovada a Declaração de Salamanca no ano de 1994, cujos princípios norteadores são:

- O reconhecimento das diferenças;
- O atendimento às necessidades de cada um;
- A promoção de aprendizagem;
- O reconhecimento da importância da "escola para todos";
- A formação de professores.

Os aspectos políticos – ideológicos que estão embutidos nos princípios desta Declaração, nos leva a pensar num mundo inclusivo, onde todos têm direito à participação na sociedade, fazendo valer a democracia de forma cada vez mais ampla.

Não se pode deixar de mencionar que as grandes linhas estabelecidas pela Constituição, foram regulamentadas em seus mínimos detalhes pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei no. 9.394/96. Onde pela primeira vez temos um capítulo (capítulo V) destinado à Educação Especial, cujos detalhamentos são fundamentais:

- Garantia de matrícula para os Portadores de Necessidades Educacionais Especiais, preferencialmente na rede regular de ensino;

- Criação de apoio especializado, para atender às peculiaridades dos alunos especiais;

- Oferta de educação especial durante a educação infantil;

- Especialização de professores.

Alguns autores destacam a importância da Lei no. 9.394/96 ter um capítulo destinado a esta modalidade. No entanto, como coloca Rosita Edler (1998), esta não amplia a discussão sobre inclusão, uma vez que seria necessário que esta estivesse presente em todas as modalidades de educação.

Podemos observar a importância e urgência em aplicar esses textos legais, se levarmos em conta, que no Brasil apenas 3% dos P.N.E.E, têm acesso e permanência na escola, necessitando muitas vezes, recorrer aos Conselhos Tutelares, para fazer valer esse direito inquestionável.

Com a elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais em 1997, onde se aborda a diversidade, temos no tocante à Adaptação Curricular a clara necessidade de adequar objetivos, conteúdos e critérios de avaliação, de forma a atender as peculiaridades dos alunos. Temos numa abordagem geral, o tema Interação e Cooperação, onde um dos objetivos da educação escolar é que os alunos, aprendam a conviver em grupos, valorizando sua contribuição, respeitando suas características e limitações, e de forma mais específica, as Adaptações Curriculares Estratégias para Educação de Alunos com Necessidades Educacionais Especiais.

Porém com todas essas leis, adaptações, estabelecimento de parâmetros e tantas outras ações pensadas e elaboradas, é ainda muito pouco ainda se oferece, na prática nos deparamos com obstáculos de toda ordem, principalmente quando pensamos nessas questões em relação ao aluno portador de autismo e outros transtornos invasivos do desenvolvimento. Quem está preparado para receber nossas crianças autistas? Quem conhece, ao menos um pouco, do que é ser autista? Ou ainda, quem conhece o autismo? Que criança poderá ser incluída e o que será oferecido às que não puderem ser?

São tantas as perguntas, que daria para escrever um livro, mas não é esse o objetivo, e sim mais uma vez lembrar que cabe aos que conhecem (ao menos um pouco) sobre o autismo, divulgar, esclarecer, enfim, informar!


Vania Viana – Professora de Educação Especial
E-mail Outros Artigos da Professora Vania Viana:
- Professora de Educação Especial Autismo e Educação A educação de pessoas autistas não têm recebido até então a atenção necessária, disso estamos cientes. Nem mesmo a educação especial tem dado conta desse alunado, cuja sensibilidade se mistura com ares de quem não compreende a vida, provoca inúmeros sentimentos e abala a segurança de profissionais cuja competência é evidente. Mas, se há profissionais capazes o que falta? Informação! Esta é a palavra chave. E é esta informação que precisamos fazer chegar a estes profissionais.
O novo, desconhecido, diferente, não abala e fragiliza somente nossos alunos autistas, mas ao homem de maneira geral.
Há quatro anos trabalho com crianças autistas e até hoje vivo a solidão de ser única na escola onde leciono. Tenho investido na divulgação do que é possível, nos vários trabalhos e das competências que podem ser desenvolvidas com nossas crianças, desta capacidade que está no interior de cada uma delas esperando para ser exposta, para desabrochar e dar os frutos que sabemos ser doce...
Na solidão de minha sala de recursos, sonho dia-a-dia com o investimento na educação de nosso pequeninos, no despertar de mais profissionais, de ter e dar opções e adequar o trabalho que hoje é oferecido de forma tímida e isolada. Mas sei, que sozinha, sem o investimento dos sistemas de ensino, pouco posso pode fazer.
Estamos a muito, em banho maria, é preciso aumentar a chama do profissional determinado, empreendedor. Mostrar que todo bom trabalho é como a terra, precisa ser preparada, adubada, para então germinar as sementes nela depositada.
Nosso trabalho, como essa semente para se tornar uma bela árvore necessita de carinho (investimento pessoal), água (capacitação/informação), e calor (união de esforços), coisas fundamentais para que se possa ter e desenvolver uma prática educacional adequada e eficaz. Que supra a necessidade de nossas crianças e dê maior satisfação profissional, e esta vem do progresso de nosso alunos, que na sutileza do seu modo de ser, clama por seus direitos, tão bem declarados nos inúmeros documentos e leis mas, tão esquecidos na prática.


Vania Viana – Professora de Educação Especial E-mail Outros Artigos da Professora Vania Viana:











A Escolha da Escola (por Lucy Santos)
A procura por uma escola adequada deve levar em conta uma série de fatores; primeiramente de acordo com o quadro da criança, você deve ver se é melhor para ela uma escola normal (a chamada educação inclusiva) ou uma escola especial adequada a síndrome da criança. Para esta decisão é preciso examinar com calma se a escola normal têm as condições para atender bem seu filho(a), se os educadores da escola estão concientes e preparados (não basta aceitar a criança, não se trata disto, é preciso que possam ajudá-lo a desenvolver-se).

As outras crianças costumam lidar melhor com este assunto que os adultos, elas auxiliam em muito o desenvolvimento do amiguinho e geralmente o recebem de coração. Naturalmente se adaptam sem problemas. São os adultos que costumam complicar, criam métodos isto, métodos aquilo, mas as crianças de um modo geral levam mais progresso ao amigo especial que todos estes métodos juntos.

Se você já procurou por educação inclusiva, deve ter levado muitos sustos e choques também. Teoricamente toda a escola deveria "aceitar" a criança, sem discriminá-la, é lei, mas não é isto que acontece. Na prática por mais bem arrumado e bonito que seu filho esteja muitas vão discriminá-lo.Prepare-se.A mediocridade é tanta que chegarão a lhe dizer frases do tipo: "Eu gostaria muito mas não estamos preparados para esta criança; Como vou misturá-los aos outros? Por mim eu matricularia, mas os outros pais não irão concordar!" e por aí a fora. Não se incomode, estas pessoas estão educadoras mas não são educadoras. Realmente elas não servem para nossos filhos (creio que para ninguém).

Se por fim, você conseguir uma escola normal que vai trabalhar bem com seu filho, parabéns (merecerá o Nobel de pesquisa!).
Escola Especial
Em se tratando de escola especial é bom lembrar que as turmas são pequenas (geralmente 5 ou 6 alunos) e as aulas são dadas por professoras especializadas. O atendimento é individual e a criança é trabalhada de forma a superar suas dificuldades. A experiência da equipe em lidar com os problemas comuns aos especiais ajudam muito a criança e a família. Quando ler as placas ou folhetos da escola e ver: psicomotricidade, fisioterapia, musicoterapia, fonoaudiologia etc, não se iluda! Apesar do alto valor das mensalidades, nada, mas nada disto, está incluso, estes trabalhos serão cobrados a parte e será preciso ver se vale a pena trocar a equipe que o atende pela da escola, você decide.

Quem assistiu ao filme Prisioneiro do Silêncio, deve ter ficado impressionado com a preocupação do Estado nos EUA em por o garoto numa escola especial, eles literalmente forçam a mãe, aqui no Brasil não tem disto!

O custo de uma escola de educação especial é alto e nenhuma destas fundações que você vê na TV (Fundação Abrinq, Fundação pelos Direitos da Criança etc) irão ajudar.Elas só trabalham com crianças carentes (penso que em breve será preciso importar pobres pois o que tem de fundação para eles) nossos filhos não estão inclusos.

Se pensou em Direitos Humanos enganou-se novamente, a organização dos "Direitos Humanos" só atua no judiciário. Em São Paulo, a Secretaria Municipal de Educação é que responde pela educação especial.Você pode procurar o coordenador da sua região (norte, sul leste e oeste) e solicitar uma bolsa em uma das instituições conveniadas. Para isto deverá levar o laudo da criança e escolher uma escola da lista que vão lhe dar.

Em outras cidades eu não sei como funciona. Sei que em Porto Alegre é super normal o estado custear uma escola especial (e boa) sem maiores problemas.

Em todos os casos, boa sorte, com certeza você vai precisar!
Lucy Santos Para conhecer mais matérias da autora, visite o site "Especialmente Ser" ou escreva para Lucy Santos
Conversando Sobre a Escola Inclusiva

Por Marina S. Rodrigues Almeida (conheça mais sobre a autora, clique aqui)
Psicóloga e Psicopedagoga CRP 06/41029-6

Foi somente no fim do século XIX quando, diante das radicais mudanças sociais rumo a modernidade instaura-se a escolaridade obrigatória.

De fato, o desenvolvimento humano passou a ser avaliado a partir de parâmetros inéditos e novos comportamentos começaram a ser exigidos.

A Educação Inclusiva não surgiu ao acaso, ela é um produto histórico de uma época e de realidades educacionais contemporâneas, uma época que exige que nós abandonemos muitos dos nossos estereótipos e preconceitos, na identificação do verdadeiro objeto que está sendo delineado.

A Psicanálise, quando de seu surgimento, tentava resgatar o sujeito histérico da exclusão social, na medida em que possibilitava que os sintomas fossem escutados e entendidos para além de seu encobrimento pelo mal estar físico.

No paradigma da Inclusão proponho o mesmo modelo, escutar pais, educadores e alunos, de maneira que o sentido seja entendido além de seu encobrimento pelo mal estar da deficiência permanente ou temporária e suas vicissitudes envolvidas.

Um paradigma é um modelo mental, uma forma de ver o mundo, um modelo de referência, filtrando outras percepções, conteúdos determinados, etc. Ele estabelece, em suma, um modelo de pensamento e/ou de crenças através do qual o mundo pode ser interpretado.

Para WINNICOTT o modelo de prevenção inicia-se pelo conceito de preocupação materna primária, o autor descreve como sendo as primeiras atitudes que a mãe inicia ao planejar a inclusão do projeto bebê/filho e posteriormente todos as demais providencias durante a gravidez. As condutas prévias de cuidados, proteção, fantasias destrutivas e amorosas começam a partir deste percurso. Neste momento as fantasias podem ser elaboradas positivamente, favorecendo a criação de um espaço interno imaginário (na mente materna primeiramente) para depois aparecer um espaço externo real, aonde este ser humano será incluso e aceito. Portanto, antes que exista o bebê concreto ele já está vivo na mente da mãe, vai ocupando e conquistando um lugar de identidade. Neste espaço imaginário, a mãe pode odiar seu bebê antes mesmo que ele a odeie, porque ao permitir a entrada do novo, do desconhecido do diferente e talvez “deficiênte” (quando há presença de sentimentos persecutórios constantes), fere nosso narcisismo (nossa imagem de espelho perfeita e ideal). Ao mesmo tempo que alimenta as fantasias do igual e perfeito, aparece a ambivalência dos afetos: é a vez da luta entre amor e ódio, bem e mal, perfeito e imperfeito, aceitar e rejeitar, etc...

Este pressuposto teórico nos ajuda a compreender esta dinâmica relacional humana entre a maternagem imaginária e maternagem ambiente que pode acolher ou excluir: a força dos afetos destrutivos, aparecem através dos conflitos, que são projeções de fantasias destrutivas e perigosos, a defesa é o afastamento, a rigidez, o impedimento, e o distanciamento do outro, que pode ser o bebê ou o portador de necessidades especiais. Consideramos que poderão estar neste inter-jogo emocional outras demandas ( individuais, culturais, etc...) não pretendemos aqui ponderar de forma reducionista, apenas olhamos esta situação por um vértice.

Se as instituições sociais, escolares, familiares, etc.. quiserem se constituir como espaços que acolham as diferenças a meta não deve ser necessariamente enquadrar, mas sim ajudar o “diferente” a encontrar um lugar social, escolar, etc... produtivo da maneira que lhe for possível, ou ainda, auxiliá-lo a encontrar respostas por diversas vias, através de outras formas de conhecer. O que chamamos de preocupação materna primária , numa metáfora para a escola, os professores e funcionários se prepararem para receber o aluno incluso. Lembremos que o desafio psicanalítico foi, desde o início, propiciar a escuta das diferenças e contribuir para que o sujeito possa encontrar seu bem estar dentro delas.

Trabalhar com o portador de necessidades educacionais especiais exige a disponibilidade (interna e externa – maternagem imaginária e maternagem ambiente suficiente) da equipe administrativa escolar, disponibilidade do educador, dos pais e do aluno.

Acredito que talvez seja possível estabelecer um lugar, um espaço intermediário entre a escola comum e a escola especial ou classe especial, com todas suas implicações institucionais, pedagógicas e sociais.

O referencial Inclusivo está sendo entendido por mim como um lugar que deverá ser construído gradativamente antes de se construir um cidadão. A Escola Inclusiva deve tentar auxiliar, na medida do possível, a constituir um sujeito cidadão, para uma SOCIEDADE PARA TODOS.

Incluir é criar, criação no sentido das intersecções de afetos, áreas, valores, conceitos, saberes e pessoas.

Precisamos rever nossa necessidade de desejar o outro conforme nossa imagem, mas respeitá-lo numa perspectiva não-narcísica, ou seja, aquela que respeita o outro, o não-eu, o diferente de mim, aquela que não quer catequizar ninguém, que defende a liberdade de idéias e crenças.(FREUD, 1914).

Precisamos nos atentar para o fato do portador de necessidades especiais estar incluso não o transforma em “normal” no sentido de que suas peculiaridades estejam superadas, pelo contrário ele continua com suas limitações que deverão ser respeitadas e atendidas. Neste momento entra a capacidade afetiva e pedagógica do educador de perceber estas sutilezas.

FREUD (1913) já dizia que a Pedagogia, a Política e a Psicanálise eram profissões do impossível, porque precisamos nos deparar com as limitações com o “desejo do outro”, justamente quando isto não acontece as formas de massificação e autoritarismos são instauradas, para impor o saber pela força, então encontramos uma ilusão de saberes!

Para que tudo isto se modifique, não basta apenas nós trabalharmos com os conteúdos cognitivos/informativos no processo de formação dos educadores para o paradigma da Inclusão, pois se eles não tiverem o desejo do saber instaurado, por mais conteúdos que possamos lhes dar, permanecerão na mesma posição. Acreditamos que devemos sempre estar atentos com o fato da impossibilidade, porque para aprender é necessário que a experiência seja resignificada, posteriormente a tomada de consciência, que será sempre incompleta e parcial. (LAJONQUIÈRE, 1999).

O que torna uma aprendizagem livre é a possibilidade da presença da confusão, do inesperado, porque derruba a teoria, abre para a reflexão e leva a modificação da práxis, este é o maior medo dos professores, e cujo lugar se encaixa o paradigma da inclusão com a entrada do portador de necessidades educacionais especiais. (SEN 1999).

A Psicologia Social vem nos ajudar a compreender a identidade dos seres humanos como sendo atribuições de predicados e adjetivos atribuídos pelo grupo social. No caso do portador de necessidades educacionais especiais, ele carrega um estigma social, bem como tantos outros grupos marginalizados pela sociedade. Entretanto, é importante lembrar que o indivíduo não é apenas algo que lhe atribuem, mas também o que faz e como faz.

Compreendemos a identidade do portador de necessidades educacionais especiais, no paradigma da Inclusão tendo a possibilidade de pensar, de ser e de fazer, resignificando sua identidade através do convívio na diversidade. (HALL, 1997).

O portador de necessidades educacionais especiais não deve então ser visto isoladamente, mas como um ser em relação e portanto nas relações sociais que o aluno deverá estar envolvido, sua identidade poderá ser resignificada e concretizada de maneira positiva.

Para uma Inclusão bem sucedida tanto depende do desejo do professor, dos pais assim como do desejo do aluno querer fazer ou não esta mudança.

O poder das políticas públicas poderá contribuir para criar espaços, assegurar direitos e deveres, promover projetos mais eficientes, mas não dá garantia nenhuma sobre uma verdadeira inclusão entre pessoas se de fato não nos envolvermos. Envolver dá trabalho, leva a responsabilidade e compromisso, é caminhar a passos curtos.

“Aonde não exista afeto de fato não há relação humana possível e portanto não haverá Inclusão”.
História do movimento da escola inclusiva De onde veio a proposta da escola inclusiva?

ADAPTAÇAO do texto da Profa. Dra Leny Magalhães Mrech
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo

Matéria enviada por Marina S. Rodrigues Almeida
Psicóloga e Psicopedagoga



Os quatro eixos básicos que constituíram o Paradigma da Inclusão partiram do entroncamento de quatro fontes básicas: a emergência da Psicanálise ; a luta pelos Direitos Humanos, a Pedagogia Institucional e o movimento de Desinstitucionalização Manicomial ou Antipsiquiatria.

Foram estes desencadeadores que delinearam um problema social, um problema público - a questão da inclusão social - que vem tomando forma e exigindo novas práticas educacionais e sociais.

As contribuições de Sigmund Freud e Jacques Lacan , trouxeram uma nova forma de se conceber os seres humanos: a importância da linguagem, do inconsciente e da sexualidade nos processos de constituição dos sujeitos.

Através dos ensinamentos de Freud e Lacan foi possível identificar que havia em relação à sociedade e aos sujeitos uma leitura ingênua do mundo. Uma crença na intencionalidade direta e linear das ações dos sujeitos e da sociedade.

Freud revelou que o sujeito e a sociedade podem ir contra si mesmo. Os sujeitos não criam apenas através das suas ações, o que chamou de pulsão de vida. Eles podem também se destruir ou destruir ao outro, um processo bastante sofisticado que Freud denominou de pulsão de morte.

Com isto foi tornando-se cada vez mais evidente que a sexualidade, a inteligência e a afetividade dos seres humanos não eram apenas produtos já dados, mas construções sociais e individuais. Para Freud e Lacan a ênfase estava nas relações e não em processos biológicos previamente concebidos e estruturados. Um exemplo é a questão atualíssima da violência nas escolas, vem revelando que não basta lidar apenas com o cognitivo, nós precisamos também trabalhar com a afetividade dos alunos, existe um desamparo familiar, social, político, ético, moral etc... encobrindo essa violência manifesta.

Mais tarde, a luta pelos Direitos Humanos veio ampliar ainda mais esta proposta. Ela delineou uma outra passagem que é a luta pelos direitos políticos. De 1964 a 1968, no meio universitário e fora dele, emergiu, no mundo todo, a defesa pelos Direitos Humanos aplicados a todos os sujeitos. Independente do fato de se pertencer a uma dada raça, cor, religião, situação financeira, etc. O objetivo é que todos os sujeitos tivessem acesso e direito garantido aos mesmos parâmetros de ingresso nos processos sociais e educativos.

A luta pela Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948, veio revelar o papel estratégico que a Educação vem ocupando na manutenção, ao longo de décadas, de processos estigmatizadores.

Em decorrência, não foi ao acaso que emergiu, na França, na década de 60, a Pedagogia Institucional ou Pedagogia revolucionária, aquela cujas raízes se encontram no movimento frenetiano e no grupo dos Situacionistas Internacionais que, desencadearam no mundo todo, uma nova forma de ver a cultura e a Educação. Esse conceito situacionista, revela a importância de não mais focalizarmos o sujeito isoladamente. É preciso que se identifique também o contexto social - a situação ou ambiência - onde sujeito se encontra colocado.

O movimento mais transformador da cultura na década de 60 e 70, foi o Movimento de Desinstitucionalização Manicomial, ou seja, da quebra das cadeias manicomiais, como lugares de atendimento e tratamento excludentes dos doentes mentais.

Os movimentos de Desintitucionalização e Antipsiquiatria propiciaram novas luzes aos processos de atendimento e tratamento dos doentes mentais. Eles revelaram a importância de situações saudáveis para o bom andamento dos sujeitos. Situações onde os doentes mentais não ficassem excluídos dos ambientes comuns, mas fosse dado o direito de participar de uma forma mais ampla e digna dos contextos sociais comuns.

Acreditamos que os conteúdos que atualmente surgiram em Educação Inclusiva não sejam referidos apenas ao momento presente. Revelam a existência de um problema social maior, um problema público, em relação à maneira como os deficientes têm sido tratados ao longo da história da nossa civilização.
”O brincar e o jogar da criança ao adulto" Uma visão psicopedagógica
Marina S. Rodrigues Almeida
Psicóloga e Psicopedagoga
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“O homem brinca e ele somente é um homem no sentido
Total do mund, quando brinca.”
(Schiller)

Introdução

Foi pensando em minha experiência clínica e institucional, como psicóloga, pedagoga, e posteriormente psicopedagoga, que despertou-me o desejo de investigar mais de perto as relações do “Brincar Infantil”.
Observamos nos últimos anos, que nunca se deu tanto destaque ao brinquedo, como se vem dando ultimamente. As indústrias investem nesta área, desenvolvem toda sorte de brinquedos eletrônicos, jogos, fazem comerciais, propagandas, brindes em supermercado, até as lojinhas de um e noventa e nove atacaram também, (com brinquedos muitas vezes sem qualidade , sem fiscalização e controle do IMETRO. Evidentemente tudo isto tem um fim: o consumo perverso. Descobriram uma fatia do mercado, as crianças e os jovens, que são consumidores em potencial, manipulados, seduzidos, ingênuos. Porém, constatamos que há o lado bom deste estímulo, mas não encontramos nossas crianças brincando com espontaneidade e espírito criador. Logo o brinquedo é descartado e querem outro, ou brincam um pouquinho e depois vão mexer no que não deve. Por que será?
Notamos vários teóricos pesquisando e escrevendo a respeito, como o brinquedo sendo um instrumento enriquecedor , possibilitando a aprendizagem de várias habilidades.

No dia-a-dia, é comum ouvirmos comentários sobre o brincar, num tom queixoso e esvaziado de significado: os pais comentam “Hoje meu filho não foi para a escolinha, também não perdeu nada, só vai para brincar!”; ou os professores falam “Aquela menina não tem feito nada, só pensa em brincar!”. Portanto, o brincar parece estar associado à uma ação irrelevante, ou pelo menos nada que tenha alguma importância para a vida humana.

Os pais valorizam mais as atividades como: “Meu filho faz, natação, inglês, ginástica, faz conservatório musical, teatro, computação, etc....”. Estas atividades são importantes e necessárias, mas está sobrando pouco tempo para a espontaneidade, para o brincar em conjunto, para a fantasia.

A Psicopedagogia tem se constituído no espaço privilegiado para pensar as questões relativas à aprendizagem. Sendo assim, está intimamente ligada ao ato de brincar, como fonte de conhecimento.

Podemos dizer que, a capacidade de brincar faz parte de um processo de desenvolvimento, sendo imprescindível para a sobrevivência psíquica e para o avanço social do homem. Notamos isto na própria história antropológica humana.
Sabemos pela maneira que uma criança, adolescente, adulto, brinca como algo revelador de suas estruturas mentais, pensamentos, sentimentos, interações, ou seja seus níveis de maturidade cognitiva, afetiva – emocional e social.

Faço então uma pergunta: “O que acontece com o brincar; pois ora é tão valioso ora é tão desvalorizado?”

O brincar e o jogar da criança ao adulto

Vejamos a origem das palavras:

- Jogar: do latim “jocare”: entregar-se ao; ou tomar parte no jogo de; executar as diversas combinações de um jogo; aventurar-se ou arriscar-se ao jogo; perder no jogo; dizer ou fazer brincadeira; harmonizar-se.

- Brincar: “de brinco+ar”; divertir-se infantilmente; entreter-se em jogos de criança; recrear-se; distrair-se;saltar; pular; dançar, (...) (Dicionário da Língua Portuguesa – Aurélio, 1986, pp. 286-98)

Percebemos que há uma dificuldade em definir os termos “jogar” e “brincar”, pois ambos tem uma fronteira comum, indicando um grau de subjetividade, em que estas atividades estão implícitas.

Segundo, BOMTEMPO (1987 p.13) “a atividade do brincar, geralmente é vista como uma situação livre de conflitos e tensões, havendo sempre um elemento de prazer. Também é uma atividade com um fim em si mesma, pois não há resultado biológico imediato que altere a existência do indivíduo.”

O brincar da criança não é equivalente ao jogo para o adulto, pois não é uma simples recreação, o adulto que brinca/joga afasta-se da realidade, enquanto a criança ao brincar/jogar avança para novas etapas de domínio do mundo que a cerca.

Precisamos saber que o brincar da criança é uma forma infantil da capacidade humana de experimentar, criar situações, modelos e como dominar a realidade, experimentando e prevendo os acontecimentos.

Quando induzimos a criança a brincar com jogos educativos, chega um momento em que ela interrompe dizendo: -“Bem agora, vamos brincar, tá?”. Portanto a criança não estava brincando no verdadeiro sentido do verbo, quando percebe o objetivo e intenção pedagógica que a cansou, interrompe, pois o brincar é destituído de qualquer objetivo externo e determinado, brincar requer espontaniedade, criatividade, liberdade com limites.

A brincadeira a partir dos 2 aos 4 anos, desenvolve-se com base nas organizações mentais, ou seja a simbolização. Diferencia o “eu” do outro, fantasia de realidade.
No início apresenta características de “pensamento mágico pré conceitual”, ou seja a a criança dá vida aos objetos, atribui sensações e emoções, conversa com eles. É também uma brincadeira solitária, na qual vive diferentes papéis. Pouco a pouco, ensaia um simbolismo coletivo, exigindo dela esforço e descentralização para acrescentar o outro e poder continuar brincando.
A partir dos 4 anos, a brincadeira vai adquirindo um aspecto mais social surgindo as brincadeiras com regras, onde o combinado deve ser respeitado.
Na compreensão da brincadeira simbólica a criança revela situações carregadas de emoções e afetos, as organizações lógicas : classificações, seriações, quantidades, cores, cenário onde aparece seus medos, dificuldades, tensões, inversão de papéis, etc...

Huizinga (1980), filósofo da história em 1938, escreveu seu livro “HOMO LUDENS” no qual argumenta que o jogo é uma categoria absolutamente primária da vida, tão essencial quando o raciocínio (HOMO SAPIENS) e a fabricação de objetos (HOMO FABER), então a denominação HOMO LUDENS, é cujo elemento lúdico está na base do surgimento e desenvolvimento da civilização.

O autor define jogo como: “uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana.”

Em seu livro Huizinga nos conta que:
Nas sociedades antigas, não havia destinação entre jogos infantis e adultos, eram coletivos.
O jogo era considerado como um vínculo entre as pessoas, grupos, classes e gerações, entre passado e futuro. Gradualmente este caráter foi sendo perdido ao longo da história, transformando-o mais individual.
A influência educacional, religiosa e social altera os valores morais, considerava a criança como, um ser não maduro para convívio com adulto, sendo que deveria ser submetida a um “regime especial”.
Os jogos e divertimentos coletivos foram abandonados e o ato de brincar desvalorizado, por não ter função aparente.

Com o surgimento do capitalismo esta idéia teve mais força, pois não podia ser associado a produção e trabalho, se tornou algo inútil.

O importante no brincar não é tanto como a criança, o jovem ou o adulto brinca, mas sim como ela se envolve, lidando de forma cada vez mais criativa e interativa com seu mundo interno e externo.

O fato de uma criança jogar xadrez, onde há presença de regras explícitas, pode ser considerado também por ela como uma brincadeira, ou o fato de brincar de boneca aparentemente sem regras explicitas, possa ser uma reprodução de papéis sociais, pré estabelecidos por ela.

Os pais e educadores devem levar em consideração os seguintes aspectos ao observar a criança ou o jovem brincando:

Ela tem brincado ultimamente? Quanto tempo fica nesta atividade? O que faz com aquela brincadeira?
Brinca sozinha? Brinca com alguém? Brinca em grupo?
O que ela está expressando?
Quais as regras?
Como está brincando?
Criou novas regras?
Permaneceu em regras impostas?
Qual sua reação?
O que aparece neste jogo?
Para que serve este jogo ou brincadeira?
Como cuida dos brinquedos?
Quais os brinquedos prefere?

Na verdade não existem delimitações claras sobre o ato de brincar e jogar e sim uma fusão entre as duas atividades. Quando uma criança não brinca, não se desenvolve, não se aventura em algo novo, desconhecido, isto é muito preocupante. Se a criança brinca está revelando ter aceito o desafio do crescimento, de ter a possibilidade de errar, de tentar a arriscar para progredir e evoluir.

Enquanto pais, educadores e profissionais afins, precisamos ser mais tolerantes com as atividades do cotidiano e criarmos um espaço para o lúdico, para nós também podermos sonhar, fantasiar, brincar.


Bibliografia

Bomtempo, E. aprendizagem e brinquedo em Witter, G.P. e Romeraco, T.F. “Psicologia da Aprendizagem”
Ed. EPU.

Erikson, E.H. Infância e Sociedade”
Ed. Zahar

Huizinga,J. “Homo Ludens – O Jogo como elemento da Cultura”
Ed. Perspectiva

Lebovici e Diatkine, R. “Significado e Função do Brinquedo na Criança”
Ed. Artes Médicas

Oliveira, P. S. “O que é brinquedo ?”
Ed. Brasiliense

Benjamin, N. “Reflexões: A criança, o brinquedo e a educação”
Ed. Summus

Oliveira, V.B. “O símbolo e o brinquedo”
E “Avaliação Psicopedagógica da Criança de 0 a 6 anos”
Ed. Vozes

Piaget, J. “A Formação do Símbolo na Criança”
Ed. Guanabara Koogam

Fernandes, A. “Inteligência Aprisionada”
Ed. Artes Médicas

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O projeto leitura em casa, quer te levar para o mundo da leitura, através de visita em sua casa, com todos os cuidados possíveis. O ambiente familiar e as experiências que a criança vive em seu dia a dia têm grande influência no seu desenvolvimento. Isso é verdade também no que diz respeito à leitura: o hábito de ler em família ajuda no desempenho escolar durante a infância, contribuindo para a aprendizagem ao longo da vida. E para isso o Sarau da Tia Mila veio para reunir as famílias, para uns únicos momentos de suas vidas, pois vocês pais irão poder sentar com os seus filhos para ler.

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